Quando a prática da Astrologia teve início, os antigos olhavam para os céus e para os trânsitos dos planetas através de cada uma das doze constelações (que emprestam seus nomes aos signos) e tiravam daí as suas conclusões divinatórias. Naquela época, quando se dizia que no equinócio da primavera o Sol estava a 0 graus de Áries ele realmente estava no céu a 0 graus da constelação de Áries.
Mas porque a Terra gira em torno de si mesma em um eixo inclinado de aproximadamente 23.5 graus, com o passar dos milênios, o eixo norte do planeta foi se distanciando deste ponto. Assim, em um movimento extremamente lento e retrógrado (para trás), o planeta foi percorrendo a constelação de Peixes e se afastando do grau 0 de Áries no céu real, até alcançar o ponto em que se encontra hoje sempre que mencionamos o Equinócio da Primavera no Hemisfério Norte: a aproximadamente 5 graus de Peixes.
Esse movimento da Terra se chama Precessão dos Equinócios, que basicamente indica o movimento inclinado da Terra sobre seu próprio eixo e a mudança (lenta porém contínua) das estrelas que formam seu plano de fundo. Atualmente o seu eixo norte está apontando para a estrela Polaris (considerada a nossa "Estrela Norte"). Mas conforme o movimento de precessão ocorra e com o passar dos milênios, eventualmente a nossa Estrela Norte será outra.
Sim, eu disse milênios. O movimento de precessão é retrógrado e ocorre a uma média de 1 grau a cada 72 anos! Isso significa que para que o eixo norte da Terra passe a apontar em direção a outra constelação é preciso passar aproximadamente 25.920 anos! E quando isso finalmente acontece, temos a chamada Mudança de Era Cósmica. Sabe quando as pessoas falam que estamos na Era de Aquário ou na Era de Peixes? É disso que elas estão tentando falar. Na verdade, ainda estamos na Era de Peixes e estima-se que entraremos na Era de Aquário em algum momento dos próximos 600 anos! Quando isso acontecer, espera-se uma grande mudança na humanidade que afete costumes, valores, etc., algo que nem eu nem você estaremos aqui para ver acontecer.
E é também por causa da precessão dos equinócios que a cada par de anos surge alguém na mídia revivendo o mito de que o nosso signo mudou e que agora a Astrologia tem que considerar 13 signos (para incluir a constelação de Ofiúco), o que é pura bobagem. O eixo norte da Terra sim mudou de posição (e continuará mudando) e em algum momento ele apontará para a constelação de Ofiúco. Mas signo não é constelação! As constelações emprestam seus nomes aos signos, e lá atrás, bem no início da prática astrológica, as duas eram sim a mesma coisa, porque o Sol estava de fato no céu no mesmo ponto indicado pelo início das estações, o que não é mais o caso. Então eu vejo esse boato que vira e mexe ressurge como uma tentativa de realinhar a Astrologia que praticamos com os movimentos astronômicos no céu. Ou, em alguns casos mais mal intencionados, como uma tentativa de desacreditar a Astrologia.
E foi a partir também da precessão dos equinócios que a prática astrológica acabou se dividindo em duas: a Astrologia Tropical e a Astrologia Sideral. No Ocidente, a Astrologia que praticamos é a Tropical, que é baseada no zodíaco terrestre. Este zodíaco se orienta pelo movimento de translação marcado pelas estações do ano. Nele, todo 21 de março o Sol passa por 0 graus de Áries, que é o ponto vernal deste zodíaco. No Oriente, a Astrologia Sideral é majoritariamente utilizada. Essa sim se baseia no céu atual, usando as constelações zodiacais, as estrelas fixas e as Eras, e usam um calendário de efemérides (movimentos celestes) totalmente diferente do nosso, baseado na Astronomia.
Não dá para dizer qual tipo de Astrologia é "a melhor", até porque eu nunca pedi que meu mapa fosse lido segundo a Astrologia Sideral. As poucas vezes que gerei meu mapa sideral, não encontrei nada de mim ali. Segundo ele, eu teria nascido com o Sol em Capricórnio e com a Lua em Peixes, o que definitivamente NÃO descreve essa Aquariana com Lua em Áries.
Então, para mim, a melhor é a Astrologia que eu conheço, pratico e que me ajuda tanto no meu processo de autoconhecimento: a Astrologia Tropical.
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