Uma questão que surgiu recentemente em minha terapia foi a minha dificuldade em "fincar raízes" - o que é contraditório, porque meu terapeuta também disse que eu sou o cavalo selvagem mais domesticado da fazenda (mas isso é papo para outro email).
Parece que, devido a minha história de vida, eu nunca me sinto segura em meu lugar, meu ninho, onde eu deito, relaxo e durmo. Me faltam aqueles tijolos que formam a minha base emocional, o que pode justificar, de alguma forma, porque eu já morei em três países diferentes nestes meus 45 anos de vida, e porque (geralmente) fico uma média de 4 anos em cada casa.
A verdade é que, embora eu precisa ter certeza que posso construir um futuro em qualquer situação, eu tô sempre com um olho no padre e outro na missa. Tem sempre uma malinha pronta escondida atrás da porta, caso algo aconteça que eu precisa entrar no próximo trem, pegar o próximo barco, o próximo avião, e partir.
Claro que estes são processos inconscientes, mas nem por isso são menos importantes ou menos atuantes. O cavalo selvagem mais domesticado da fazenda precisa planejar o futuro mas acaba vivendo sempre no hoje, porque o amanhã nunca é garantido, dentro da minha visão de mundo.
E foi assim que eu cheguei aos 23 anos de relacionamento com o meu marido, e 20 anos de casada! Nunca passei um dia da minha vida com ele pensando que seria para sempre. Sempre estava com a mala pronta, sempre com um olho no padre e outro na missa, sempre pronta para receber (ou dar) o pé na bunda! Por que? Porque eu aprendi que a vida é isso, que nada é garantido, nada é estável, e geralmente as pessoas estão de passagem. Então, eu tô sempre pronta para partir e para recomeçar. Antes de ser abandonada, abandonar, sempre! Em outras palavras, vive-se com medo. Sabe do que eu to falando?
Se você tiver sorte, NÃO, você não sabe.
Olhe o meu mapa: um dos planetas mais angulares que tenho é Plutão, no fundo do céu. O fundo do céu é a nossa base emocional. Plutão é medo, complexo, repressão, fantasmas, monstros, abandono, violência. Em outras palavras, não existe um lugar seguro pra eu existir, nem mesmo dentro de mim! No meu mundo interior, existe lugar apenas para ser forte e para sobreviver (Plutão). Mesmo assim, formei uma família, casei, fiz uma carreira, estou com a mesma pessoa há 23 anos. Como? Por que? De que forma, com esse mapa?
Porque o mapa é um ponto de partida, não um ponto de chegada!
Ele descreve condições que encontraremos na vida ao nascer. Sob que tipo de pressão ou que tipo de facilidade teremos para nos desenvolvermos e buscarmos a nossa melhor versão? Que ajuda receberemos? Quais serão os obstáculos? E como lidar com eles?
A casa 4 também é a casa do nosso fim de vida.
Sabe o que é um fim de vida com Plutão na 4? Um fim de vida cheio de amargura, arrependimento, dor, solidão… OU um fim de vida rodeada de filhos e pessoas queridas, um fim de vida de vínculos poderosamente arraigados, um fim de vida curado (veja que Plutão rege a casa 5 do meu mapa, das pessoas queridas e dos filhos).
Todo posicionamento planetário, todo planeta em qualquer casa, todo aspecto tem pelo menos duas formas de ser vivida. A difícil e a não tão difícil. Mesmo os melhores aspectos do mundo podem ser desperdiçados e os aspectos mais difíceis do mundo podem ser engrandecedores e construtores.
O Universo é perfeito. Ele dá a dificuldade mas também dá a ferramenta para entender, resolver e potencializar a dificuldade. Como você anda lidando com as suas?
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Você sabia que eu estou abrindo minha primeira turma de forma completa em Astrologia? A proposta é que ao final de um ano você seja capaz de ler com segurança um mapa natal. As aulas começam em agosto e as vagas são limitadas. Garanta a sua vaga! Se você sonha com um dia trabalharmos juntos, o caminho é esse. Espero você!
Olá Márcia, e quando não se tem nenhum planeta na 4? Como vai ser? Beijo