(Autora Sarah Blondin - tradução livre: Márcia Fervienza
Uma parte de mim quer manter meus olhos fechados e puxar as cobertas sobre minha cabeça, bloquear a luz que estão tentando acender no meu quarto.
Uma parte de mim quer ficar onde estou e não quer que nada nem ninguém me faça perguntas ou tente me empurrar para frente.
Uma parte de mim quer se esconder em minha raiva, em meu medo e em minhas crenças obsoletas, em minha condição de vítima, e quer se defender alegando que a vida não é fácil.
Uma parte de mim quer dizer ao mundo que fui ferida vezes demais para seguir em frente.
Uma parte de mim quer justificar como minha dor me deixou congelada, petrificada e incapaz de renunciar.
Uma parte de mim tem tanto medo de olhar para o que está me machucando que prefere escapar a enfrentar.
Uma parte de mim tem tanto medo de abrir os olhos porque o simples fato de acordar pressupõe estar ciente, ser responsável pela cura da minha vida e saber que terei de assumir a tarefa de me amar até o fim.
Uma parte de mim sabe que, quando tomada pela raiva e pela dor, terei de me perguntar: "Será que isso realmente vale o preço que estou pagando pela minha única vida, tão preciosa?"
Uma parte de mim tem medo de ver porque sabe que, ao ver, serei obrigada a abrir mão e que, ao abrir mão, terei que renascer e descobrir quem realmente SOU.
Uma parte de mim sabe que, uma vez que eu comece a ver as coisas como são, nunca mais serei capaz de "des-ver", que ao acordar começarei o processo (às vezes, assustador!) de avançar perpetuamente.
Mas outra parte de mim sabe em cada milímetro de seu ser que não estou servindo a ninguém, nem a uma única vida, permanecendo adormecida.
Uma parte de mim está me chamando para sair de todos os lugares onde não há crescimento, das salas escuras com ar estagnado.
Uma parte de mim está sendo impulsionada neste mundo enorme e pedindo para descobrir o poder escondido nas dobras da minha pele, o poder que descansa nas pontas dos meus cílios, que viaja em minhas veias e que emerge através de mim.
Uma parte de mim não tem medo de olhar. Ela anseia por ver e viver minha liberdade, e está me chamando para conhecer a vastidão do meu ser.
Uma parte de mim conhece a minha Origem, sabe de minha magnitude, sabe do meu dever, da minha obrigação de escolher despertar para seguir a minha dor aonde quer que ela me leve, até que haja mais nada a fazer a não ser deixa-la para trás.
Uma parte de mim sabe disso e me chama, gentilmente me dando sinais de vida do outro lado, me mostrando que eu tenho o poder de me levantar e sair da cama que fiz para mim mesma no chão.
Feche os olhos agora.
Você consegue ouvir a voz dentro de você te dizendo que há mais nesta vida do que você tem escolhido?
Você consegue ouvir a voz dentro de você te guiando suavemente até o seu coração o tempo todo?
Você consegue ouvir a sua voz interior te dizendo: "Quando você estiver pronta, é bem-vinda para se juntar a mim na verdade de sua grande beleza"?
Atrás da dor densa e da escravidão, vive outra parte de você, que tem os pés fortemente plantados na terra, as mãos voltadas para o céu, o coração claro e decidido, e os olhos bem abertos.
Qualquer mudança ou perdão que você experimentou em sua vida não foi porque outra pessoa te fez desistir, foi porque você escolheu fazê-lo.
O poder é seu, a escolha é sua.
Não se preocupe muito em COMO viver esse novo "EU". Não se preocupe muito em como liberar sua dor. Não se preocupe com o lado prático de nada disso, pois há uma Inteligência vivendo dentro de você que te guiou até este exato momento, para ouvir essas palavras.
A orientação vem em muitas formas e faces. Portanto, não se preocupe em como você finalmente chegará à sua liberdade, pois isso é obra de magia e milagre.
Você só precisa se preocupar em ouvir atentamente a parte de você que não está interessada em continuar sofrendo. Apenas ouça atentamente a parte de você que já sabe o que deve fazer para te conduzir ao seu despertar.
Você anseia por estar mais viva, por estar totalmente presente em sua única vida preciosa.
Você não tem medo, você está pronta para ser totalmente responsável por sua vida.
Porque a vida real é pura e vazia de sofrimento.
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