O que é a Astrologia e o Mapa Astral?
A Astrologia é um corpo científico que foi formado (e que se forma) à posteriori – ou seja, depois do fato. Em outras palavras, observamos eventos que acontecem no céu e eventos que ocorrem na Terra (ou na vida do individuo) e criamos correlações entre eles. Veja que eu disse correlação e não relações causais. Sim, porque eu pratico a Astrologia do livre-arbítrio, e não acredito que nós causamos eventos no céu ou que o céu causa eventos em nossas vidas. Acredito que funcionamos principalmente como um espelho, e refletimos nossos ciclos e necessidades um no outro. Desta forma, neste processo de criação de correlações, estamos sempre aprendendo novos significados para símbolos astrológicos existentes e vamos compondo/atualizando/formando o imenso corpo de conhecimento chamado Astrologia, de forma que ela é sempre atual e relevante para o momento em que vivemos.
Corpo Científico versus Ciência
Veja que me refiro a Astrologia como "corpo científico" e não como ciência. Isso porque para que algo seja considerado científico, precisa passar por estudos controlados em laboratório que repliquem os mesmos resultados encontrados fora deste, e que possam ser extrapolados (aplicados) para a população em geral. Até hoje, a Astrologia ainda não foi observada nestas condições e não sei se algum dia o será. Logo, tudo que se encontra e se comprova através do uso diário da Astrologia pode ser considerado evidência astrológica, mas não evidência científica.
A ideia principal da Astrologia é de que nenhum nascimento é acidental. Por trás de cada vida haveria, então, um propósito, que vem estampado no gráfico ou mapa astrológico de cada pessoa. E ao conhecermos o mapa do momento do nascimento de algo, podemos entender e estimar como será o seu desenvolvimento e a sua morte.
Dentro deste contexto, o mapa natal reflete todas as nossas possibilidades e todas as nossas limitações. Limitações porque, embora possamos transcendê-lo e vivê-lo no nível mais elevado da manifestação de cada signo, aspecto ou posicionamento, ele também determina até onde podemos ir. Por exemplo, uma pessoa nascida sob o signo de Escorpião poderá ser manipuladora, controladora e vingativa ou poderá exercitar profundo interesse pelo oculto para ajudar as pessoas, trabalhar com processos de autotransformação e transformação, e ser um "mago" do bem. Mas esta pessoa nunca deixará de ser Escorpião e se tornará Peixes. Em outras palavras, se cada signo, planeta e posicionamento em nosso mapa natal fosse um elevador, eu diria que temos a possibilidade de manifestar aquela energia no primeiro andar, no quinto ou no décimo, mas jamais poderemos sair daquele elevador e tomar outro - pelo menos, eu ainda não conheci alguém que o tenha feito.
O mapa como ponto de partida
Por isso, costumo dizer que o mapa é um ponto de partida. Ele diz com que recursos e limitações chegamos ao planeta e marca alguns pontos no nosso caminho que teremos que atravessar, mas não determina como lidaremos com tais eventos e também não determina nosso destino. Ele é uma orientação sobre como chegamos aqui e até onde podemos ir, dentro daquele emaranhado de obstáculos e possibilidades.
Para criarmos um mapa natal é preciso saber data, local e a hora de nascimento da pessoa. Ou seja, o momento em que o bebê respirou pela primeira vez independente da mãe e se tornou um indivíduo é fundamental para o cálculo do tema natal. No entanto, é possível criar o mapa natal do nascimento de qualquer evento, relacionamento, empresas, países, estados, etc., desde que se tenha posse destes dados.
Embora a linguagem dos símbolos astrológicos seja a mesma para todos os mapas e para todas as pessoas, as pessoas não são as mesmas. Cada uma vive em um contexto sociocultural diferente, e tal contexto modificará as suas respostas aos eventos da vida. Assim, cada mapa deve ser interpretado dentro do contexto social, cultural e espiritual de cada um para ser preciso e útil.
Os ângulos
No mapa astral, existem quatro ângulos que orientam toda a leitura: o Ascendente, o Descendente, o Meio do Céu e o Fundo do Céu. Qualquer planeta próximo a estes ângulos terá grande influência sobre a personalidade e o desenrolar da vida da pessoa, portanto, damos especial atenção a estes posicionamentos, a seus signos e aspectos quando lemos um mapa.
Dependendo do sistema de casas que se use, esses ângulos coincidirão com a cúspide (ou início) da casa 1 (Ascendente), a cúspide da casa 7 (Descendente), a cúspide da casa 10 (Meio do Céu) e a cúspide da casa 4 (Fundo do céu). O sistema de casas que eu uso (Placidus) coloca estes ângulos nestas cúspides, mas se usarmos o Sistema de Signos Inteiros, por exemplo, eles não coincidirão com as cúspides (mais sobre os Sistemas de Casas abaixo). Estes ângulos correspondem aos 4 pontos cardeais de forma invertida. Colocando o homem no centro, o céu se reflete nele como um espelho.
Enquanto intérprete de um conhecimento organizado que combina experiência, arte e linguagem simbólica, o papel do astrólogo é a de decodificar e transmitir ao nativo as condições de vida apontadas para ele em seu momento de nascimento. Assim, o individuo conhecerá melhor suas necessidades e ansiedades, suas inadequações e obstáculos internos (muitas vezes causados por situações externas), e seus talentos.
Como Surgiu a Astrologia? Um Pouco de História
Sabe-se que desde 15.000 a.C o homem mesolítico já observava o Sol e a Lua. Mas foi somente em 4.000 a.C na Suméria que encontraram tábuas com símbolos astrológicos comprovando o uso da técnica. Os sacerdotes-astrônomos Caldeus observavam somente os movimentos do Sol e da Lua em relação às constelações e às estrelas fixas, porque eram os elementos mais estáveis e seguros que tinham para utilizar. Apesar disso, eles conheciam os planetas até Saturno (porque podiam vê-los a olho nu) e os consideravam intérpretes entre o céu e os homens.
Mas foi quando parte da humanidade deixou de ser nômade e começou a fixar residência que a Astrologia começou a ser amplamente usada, principalmente para identificação dos momentos ideais para plantio, cultivo e colheita. Aqui a Astrologia era chamada de natural ou agricultural. Enquanto os nômades davam ênfase à Lua para estimar os períodos animais de acoplamento e procriação, os agricultores davam ênfase ao Sol por causa dos ciclos de vegetação (o Sol sempre foi visto como o doador de vida). Os antigos, aliás, acreditavam que o Sol e a Lua tinham vontades, sentimentos e personalidades, e que eram como pessoas vivas.
Sabe-se de previsões astrológicas que datam de 2350 a.C. na Babilônia para o Rei Sargão I. No entanto, o horóscopo mais antigo encontrado data de 20/4/409 a.C.
Até a Idade Média o uso da Astrologia tinha fins exclusivamente comunitários e centrados no Estado (no Rei). Mas desde então ela ganhou uma utilização mais individualizada, que tem o homem comum como centro.
Até o século XVII, a Astrologia e a Astronomia andaram de mãos dadas. Eram irmãs que se focavam na leitura do céu e dos movimentos planetários. Depois cada uma tomou o seu caminho e, atualmente, os astrônomos desmerecem o valor da Astrologia, infelizmente.
O Indivíduo e o Mapa
O ser humano é um todo dividido em partes. Cada parte é representada por um planeta em um signo e em uma casa astrológica. Ao conhecermos cada parte, podemos entender melhor o todo.
Os planetas pessoais (Sol, Lua, Mercúrio, Vênus e Marte) representam nossas funções psicológicas (Ser, Sentir, Pensar, Desejar e Lutar). Os signos onde se encontram representam a forma como tais funções se manifestam em nossas vidas e os aspectos que fazem entre si (e com os demais planetas ou ângulos) representam a intensidade com que se manifestam. Por fim, a casa onde estão indicam a área da nossa vida onde aquela função se manifestará mais frequentemente.
Da mesma forma que somos construídos por várias partes (ou funções psicológicas), também "somos" os diversos papéis que representamos em diferentes áreas e momentos das nossas vidas. Neste caso, poderíamos pensar que temos vários EUs - o EU pai, o EU filho, o EU profissional, o EU amigo, etc.
Tendo tudo isso em vista, o principal objetivo da Astrologia é nos ajudar a nos conhecermos melhor, a nos compreendermos, e a nos ajustarmos às nossas vidas, em busca de evolução e crescimento pessoal.
Diz-se que a Astrologia é aquariana e que é regida por Urano, planeta que rege Aquário. Isso faz sentido se consideramos que, em sua mais elevada manifestação, ambos representam e buscam o bem-estar social, o humanitarismo e o progresso do individuo dentro de um contexto social e grupal. A Astrologia transcende preconceitos pessoais e de raça, já que (independente de diferenças genéticas e socioculturais) todos os seres humanos desejam a mesma coisa: crescer e progredir.
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