Pensei em vários títulos para esse texto. Afinal, tanta coisa descreve uma Lua-Saturno. Poderia ter dito "Lua-Saturno e o medo da vulnerabilidade emocional", "Lua-Saturno e o medo da entrega", "Lua-Saturno e a imaturidade emocional"... mas nada parecia adequado o suficiente. E como este texto fala de amor, vamos falar da carência que esse aspecto nos faz sentir!
Conforme comentado neste artigo, aspectos difíceis entre Vênus e Saturno no mapa natal gera medo do amor. Mas e a Lua, toca algum apito no que se refere a relacionamentos? Sem dúvida! A Lua é aquela parte nossa que a gente só revela pros mais íntimos, quando já estamos convivendo. Como arquétipo feminino primário, a Lua no mapa de uma mulher reflete, além de suas necessidades, sua expressão como mãe e nutridora, quer ela tenha filhos ou não. Sua Vênus indica como ela se expressa como uma mulher que atrai o que deseja, mas a Lua fala de como ela cuida e se permite (ou não) ser cuidada.
Lua/Saturno: A Mãe Interior
Tanto homens quanto mulheres com aspectos difíceis entre Lua e Saturno no mapa tiveram que amadurecer cedo, dar conta de si mesmos e tiveram uma mãe que (fosse por forças das circunstâncias ou não) não podia nutri-los emocionalmente como eles gostariam ou precisavam. Em alguns casos, pessoas com esse aspecto acabam se tornando pais dos próprios pais, antes mesmo de serem capazes de dar conta de si próprios. Para se proteger da dor do desamparo (essas pessoas costumam sentir que não podem contar com ninguém além de si mesmas), elas constroem uma couraça protetora em torno de si. A pessoa é gente boa e controlada por fora, mas carente de amor por dentro.
Esse aspecto também fala da criação de uma fronteira imaginária entre o nativo e sua mãe (seu principal modelo feminino). Os limites de Saturno criam distância, o que pode resultar em uma pessoa que não se sente à vontade para expressar afeto em relação a mãe, que tem dificuldade em toca-la, acolhe-la, acarinha-la - e, muitas vezes, ela não permitiria e recuaria diante desta tentativa de encontro emocional. Quiçá ela seja ótima e hábil em cuidar do material, da estrutura, da provisão alimentar, mas não seja tão apta no que diz respeito ao toque, ao afeto, ao conforto emocional.
Esses recuos costumam ser sentidos internamente como rejeições, e são internalizadas. E isso é levado para os relacionamentos. Essa pessoa pode ser, então, o par que se recusa, de cara, a assumir qualquer coisa que o(a) coloque remotamente num papel de cuidador(a). Ou ele/ela se posiciona no outro extremo: o de se tornar o(a) Super Cuidador(a), concentrando toda a sua energia emocional nos filhos e nas preocupações domésticas, chegando - às vezes - a tratar seu par como mais uma criança da família.
Onde temos Saturno, geralmente supercompensamos no tema que nos foi negado.
Por exemplo, alguém com Saturno na 2 pode ter tanta dificuldade em se valorizar que pode se dedicar a trabalhar ajudando os outros a enxergarem o próprio valor. Saturno é ambicioso. Se o que faltou foi nutrição, nutrir pode se tornar uma meta que deve ser alcançada a qualquer custo. Apesar das melhores intenções da pessoa Lua-Saturno, pode ser dificil para ele ou ela (e para os outros) acessar a sua sensibilidade. Cuidar do filho ou do par pode se tornar uma atividade que precisa ser perfeita, excedendo todas as expectativas, ao invés de ser algo que flui com facilidade, desde o coração.
Não importa como esse aspecto se manifeste, a chave para o indivíduo Lua/Saturno (especialmente a mulher, que se identifica mais facilmente com a mãe) é diferenciar o que sente por si mesma do que o que ela sente por sua mãe. Isso pode ser desafiador, especialmente com uma conjunção, onde as duas energias estão fundidas. Mas é essencial usar o foco de Saturno para delinear limites entre ela e sua experiência com a mãe para poder chegar a um lugar de maturidade emocional que não envolva negação ou supercompensação.
No caso do homem Lua/Saturno, ele precisa trabalhar sobre os problemas que tem no relacionamento com a mãe, para que aquele relacionamento difícil não se torne seu modelo para todos os outros. Afinal, este é o primeiro relacionamento feminino de um homem. A mãe pode não ter estado emocionalmente disposta ou disponível para fornecer os cuidados emocionais e a nutrição adequada. Então, ele aprendeu que era melhor não precisar do conforto e da segurança a que toda criança tem direito. Ao mesmo tempo, ela pode ter dependido dele para mais do que deveria, obrigando-o a amadurecer muito cedo para responder as expectativas de maturidade que eram colocadas sobre ele.
Como o homem Lua/Saturno cresceu aprendendo que a expressão aberta de sentimentos não era aceitável, ele provavelmente será um adulto tímido e reservado ao expressar seus sentimentos, e se sentirá atraído por relacionamentos em que se espera que ele assuma a responsabilidade mais uma vez.
Mas, e no fundo? Quem é essa pessoa?
No fundo, no fundo, a pessoa Lua/Saturno é a criança carente que nunca teve a chance de amadurecer. Portanto, por mais controlado ou controlada que possa parecer inicialmente, por dentro, essa pessoa ainda deseja o amor e a aceitação de sua mãe em um grau extremo.
Em seu livro Saturn: A New Look at an Old Devil, Liz Greene afirma que essa imaturidade latente atrairá pares com uma “...natureza instintiva e dominante...”.
Na minha opinião, o aspecto mais difícil da Lua-Saturno (tanto em mapas de homens como de mulheres) é a lealdade que estes têm à mãe, porque, muitas vezes, essa lealdade é um fardo. E quando ela não é "cumprida", a culpa samba no coração do nativo.
Enquanto os aspectos difíceis de Vênus/Saturno podem ser mais aparentes na superfície da vida amorosa, os contatos mais tempestuosos e (possivelmente) mais difíceis costumam ser entre Lua/Saturno. Quando os instintos da Lua estão envolvidos pelo aço de Saturno, eles não são facilmente acessados. O autocontrole superficial mascara uma vida emocional descontrolada, e o que é negado ou reprimido acabará se manifestando por meio de outros.
Mas em ambos os casos (Vênus/Saturno e Lua/Saturno) o caminho a seguir é a disposição de se abrir para a coisa que mais o assusta: o amor.
Comments