Muita gente fala de autoestima (e muitas outras características pessoais) referindo-se apenas ao signo solar. Virgem tem baixa autoestima enquanto Leão e Sagitário se acham o máximo. Mas será que dá para avaliar a autoestima de alguém com base somente no signo sob o qual ela nasceu? Será que a autoestima, um assunto tão complexo desde o ponto de vista da psicologia, é tão simples desde a perspectiva astrológica?
Muita gente pensa que autoestima tem a ver com o fato de gostarmos ou não da imagem que vemos refletida no espelho. Se gostamos do que vemos, nossa autoestima é elevada; senão, temos baixa autoestima. Mas psicologicamente usamos o termo autoestima para determinar a percepção geral de uma pessoa a respeito do seu valor pessoal de forma global. Sim, isso inclui a imagem que você vê no espelho, mas vai muito além. A pergunta aqui é: quanto você gosta, aprecia e valoriza a pessoa que você é, apesar de todas as suas imperfeições?
E é aqui que a coisa fica mais complicada. A forma como vemos o mundo e a nós mesmos está mais relacionada às nossas crenças, emoções, comportamentos e sentimentos do que a um simples julgamento de “bonito” ou “feio”.
Desde essa perspectiva, uma pessoa pode se achar bonita e, ainda assim, ter uma autoestima comprometida. Outra pode andar pelo mundo como se o possuísse e dominasse, mas no fundo aquilo ser apenas uma fachada para se autoproteger dos julgamentos alheios.
Aliás, uma autoestima saudável é indicada, principalmente, pelo quanto conhecemos nossas falhas e fortalezas e por nossa capacidade de receber feedback negativo, filtrando aquilo que pode ter fundamento daquilo que é apenas uma “opinião alheia”, sem deixar que tal opinião ou feedback desconstrua a sua autoimagem ou ideia que possui do seu valor pessoal.
Dentro deste contexto, de crenças e valores, no mapa astral a nossa autoestima estará representada (entre outras coisas) também pelo signo, posicionamento e aspectos de Vênus e Júpiter. Porque Vênus fala do que valorizamos e daquilo que a gente gosta, enquanto a posição por casa de Júpiter indica aquela área do mapa naquilo que sabemos que somos bons.
É importante vermos também onde temos Leão no nosso mapa natal, que planeta está presente no signo e as condições astrológicas (aspectos) do seu regente (Sol). Outro fator a considerar é a casa 5, que representa a nossa forma de nos expressarmos. Planetas “pesados” ali podem comprometer nosso sentido de valor pessoal (Saturno) ou podem exacerba-los (Plutão em Leão).
Por exemplo, eu possuo Júpiter na casa 11 e sei que sou boa amiga. Ponto! Nenhuma opinião contrária a isso vai abalar a minha crença a respeito do tipo de amiga que sou. Aliás, críticas a este respeito precisam ser muito bem fundamentadas. Se não o forem, é provável que eu simplesmente elimine aquela pessoa e aquela amizade da minha vida, por achar que ela não merece e não sabe valorizar a amiga que tem em mim.
Por outro lado, tenho Leão na 2 (a casa do dinheiro e dos nossos valores pessoais) com Saturno presente em Leão. Se pensarmos que a área onde temos Leão é a área onde brilhamos (e sabemos que brilhamos) ou onde precisamos brilhar, com Saturno ali, como fica a minha percepção do meu brilho pessoal? Bem comprometida. Afinal, Leão é o signo de exílio de Saturno, porque Saturno e Leão possuem energias muito dissonantes. Saturno fala de seriedade, postura, frieza, tradição, enquanto Leão fala de brilho pessoal, ego, autoconfiança, calor humano etc. Dentro deste contexto, Saturno “apaga” o brilho do signo, o “modera”, mas estando em oposição ao seu regente (meu Sol em Aquário), a questão fica ainda mais acentuada.
O lugar onde você tem Júpiter no seu mapa natal é a área da sua vida onde você dificilmente aceitará que alguém diga que você não é bom naquilo. Júpiter na 1, por exemplo, pode ter muita dificuldade em receber críticas sobre sua personalidade e sua forma de se apresentar ao mundo, enquanto Júpiter na 5 não só vai achar que seus filhos são as coisas mais maravilhosas em suas vidas, como vai se achar um paizão/mãezona – e ai de quem diga o contrário!
Desde um ponto de vista psicológico, embora a autoestima seja um traço de personalidade (portanto, com alcance global na vida da pessoa), ela também tem manifestações localizadas. Por exemplo, alguém com uma excelente autoestima provavelmente terá mais facilidade em avaliar de forma realista as áreas onde faz algo bem versus aquelas nas quais não é tão bom, e aquilo não destruirá seu sentido de valor pessoal. Por outro lado, alguém que se acha excelente em tudo pode estar, na verdade, tentando compensar (ou esconder) uma autoimagem pessoal comprometida, que não aceita a ideia de ser um ser humano falível.
Mas seremos sempre bons em tudo, ou ruins em tudo? Jamais! Aliás, o conceito de saúde mental vem da aceitação das nossas imperfeições e da capacidade de nos amarmos do jeito que somos. Quando isso acontece, somos capazes de realmente amar os demais apesar de suas imperfeições, e podemos então identificar a diferença entre amar o imperfeito e se submeter a situações degradantes por não nos considerarmos capazes (ou merecedores) de algo melhor.
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